A metodologia do Serviço Social subjacente à intervenção foi a metodologia de Investigação - Acção e teve como ponto de partida uma situação concreta.
Na medida em que “em qualquer contexto de intervenção, qualquer acção que se pretende de base científica inclui necessariamente uma dinâmica de investigação - acção” (GUERRA, 2002), neste projecto foi usada esta mesma metodologia de intervenção, reforçando-se simultaneamente a prática da metodologia participativa.
Segundo Guerra (2002), Investigação – Acção pode definir-se como um processo através do qual os sujeitos, juntamente com o investigador, trabalham sobre um determinado elemento de informação. De uma forma metodológica, fazem interrogações na procura de soluções para um determinado problema que afecte directamente os sujeitos. Ele envolve o aumento de produção de conhecimento, o know-how, e o “saber ser” num contexto ético previamente acordado.
Esta modalidade de investigação apresenta determinadas características específicas: é concebida como um processo contínuo, partindo de uma situação ou problema concretos, ao invés de partir de uma teoria ou de um quadro de hipóteses, tendo como objectivo dominante a resolução dessas situações concretas, integrada em todo um processo de mudança social, em que os grupos “objectos” do conhecimento se constituem como “sujeitos” do conhecimento.
Assim, o investigador aparece como um elemento apoiante de todos os sujeitos envolvidos na acção, apelando a um compromisso de participação, determinado entre todos os intervenientes. Desta forma, a implementação de metodologias participativas norteia a tomada de consciência de todos os intervenientes que interagem no contexto de acção face aos problemas sentidos e às possíveis soluções dos mesmos.
De acordo com Guerra (2002), o ponto de partida da investigação-acção é um problema ligado com uma situação prática e real. A investigação-acção é focada para uma determinada situação, pretendendo alcançar resultados e tendo sempre em vista o processo de mudança social. É importante referir que o investigador funciona como um ponto de apoio dos sujeitos implicados na acção e não apenas como um observador.
Modelo de Intervenção
A profissão do Serviço Social possui um conjunto de métodos e modelos de intervenção que se adequam às diversas situações-problema com que lida. No presente projecto, a intervenção da estagiária regeu-se pelo modelo sistémico.
Segundo Payne (2002), o Modelo Sistémico foi assim definido tendo em conta que pode ser transversal às diferentes realidades de intervenção, seja com indivíduos singulares, pequenos grupos, organizações ou comunidades. Numa abordagem semelhante, Vieira (1989) sublinha que “a visão sistemática consiste na percepção/compreensão da realidade social como um sistema”, ou seja, as “pessoas dependem de sistemas no seu meio social imediato para conseguir uma vida satisfatória”.
O Modelo Sistémico também enquadra a intervenção que se quer realizar, na medida em que, para se poder intervir é indispensável ter em conta a existência de vários sistemas que interagem entre si. Neste modelo é necessário procurar conhecer os sistemas: utente, família, meio envolvente, e o sistema instituição. Desta forma, só percebendo o problema na sua globalidade, tendo sempre presente estes sistemas e os recursos disponíveis, é possível a orientação para a elaboração de um projecto de intervenção para o utente.
Este modelo esteve bem presente neste projecto de intervenção uma vez que foram tidas em consideração as várias vertentes (social, económica, cultural, comunitária) da vida dos utentes, através do trabalho que se realizou, e também das visitas que foram efectuadas às instituições.
O modelo sistémico despertou explicitamente o interesse tanto da estagiária como da instituição, tendo particularmente em conta as suas vantagens positivas para os utentes.
Este modelo coincidiu com o modelo utilizado institucionalmente, embora este não fosse conscientemente reconhecido e assumido pelos Técnicos da Instituição, e revelou-se como sendo o mais adequado às situações concretas do estágio, bem como à realidade em que o estágio se inseriu, tendo em conta os diferentes sujeitos envolvidos.
No caso dos oito imigrantes do CLAII incluídos no projecto, estes interagiram com a família, a qual os acolheu ajudou na no que respeita à subsistência no país de acolhimento. Por sua vez, os técnicos interagiram com os utentes proporcionando-lhes informações, encaminhando-os para outras instituições, procurando compreender os problemas apresentado por eles, bem como a relação que estes tinham com as suas famílias, vizinhos e instituições e as dificuldades encontradas no contexto destas relações.
Níveis de Intervenção
Depois de apresentada a metodologia que foi utilizada neste projecto (metodologia de Investigação-Acção – Metodologia de Projecto) e também o modelo de intervenção em Serviço Social (modelo sistemático) seguido, serão apresentados os níveis de intervenção do projecto. Tendo em conta a natureza do projecto e os destinatários, a intervenção foi feita a dois níveis: a nível individual e a nível de grupo.
A nível individual a estagiária recorreu ao Serviço Social Individualizado. O Serviço Social Individualizado (de caso), segundo Richmond citado por Hamilton (1958, pg.36), pode definir-se como a arte de ajudar as pessoas a ajudarem-se a si próprias, cooperando com elas a fim de as beneficiar a elas e, simultaneamente, à sociedade em geral.
A intervenção a este nível tem por objectivo fazer com que o imigrante participe activamente do processo da sua inserção. Este nível de intervenção não se limita a prestar apoios materiais, mas é utilizado quando a capacidade de um imigrante está limitada, ou quando este se encontra incapacitado para satisfazer as suas relações sociais na sociedade de acolhimento.
Os oito imigrantes acompanhados mostram que o problema da falta de canais de informação, sobretudo o que dizia respeito aos seus direitos, acabou por ter efeitos negativos em outros sistemas na sociedade de acolhimento; por exemplo, a nível de relações interpessoais. Tal facto significou que o acompanhamento dos imigrantes abrangeu mais do que uma pessoa e/ou instituição. Neste contexto, foi proporcionada aos oito imigrantes melhor informação acerca dos seus direitos no país de acolhimento, bem como dos recursos existentes, de forma a reduzir os problemas encontrados no meio envolvente.
A intervenção a nível do grupo, há muitas definições de grupo, as quais de um modo geral acentuam ideias de interacção, interdependência e consciência mútua. Natalio Kisnerman (1978) define um grupo como um conjunto de indivíduos que interagem com um objectivo determinado. Para ele não se deve ficar restringido somente ao grupo como um conjunto de pessoas mas amplifica-lo, ou seja, deve-se acrescentar a noção de situação, uma vez que o lugar onde o grupo se reúne, o ambiente e as circunstâncias que se produzem no grupo influenciam o mesmo.
A intervenção a nível do grupo incidiu sobre a sensibilização e motivação dos imigrantes, tentando conciliar as necessidades dos oito imigrantes que recorreram ao CLAII com as informações de outros imigrantes com os mesmos problemas e necessidades. Ampliar o conhecimento individual, colectivo, facilita informação sobretudo no que diz respeito aos seus direitos.
2.5. Plano de Avaliação
Para a avaliação do projecto CIR optou-se pelo modelo de avaliação por objectivo como principal apoio.
A avaliação é uma fase constituinte da intervenção social que se cruza com todas as outras, sendo um processo determinante para a construção e realização de um projecto. A sua articulação é contínua e serve de suporte para a tomada de decisões. No que se refere aos tipos de avaliação, estes denotam a colocação em prática da Auto-Avaliação realizada pela estagiária, orientador do estágio e o técnico do CLAII.
Tendo em conta a intervenção planeada optou-se por adoptar o Modelo de Avaliação por objectivos, ou seja, um método que pretende medir a forma e intensidade com que os objectivos foram atingidos, através da utilização de indicadores quantitativos e qualitativos.
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